quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Vida Fictícia


Homens dizem que o corpo é importante
Anjos dizem que a alma é eterna
Então digo que nada quero

Digo que não mereço o céu e nem o inferno
Digo que viver, não pode ser bom
E que morrer às vezes não é a melhor solução

Digo que a alma se corrompe
Digo que o corpo apodrece
Mas digo também que nada possuo

Não contemplai as idéias que digo
Pois estou sendo movida pelo sofrimento
As palavras de lamento ficam soltas no vento

A humanidade tem um futuro
O paraíso é intocável e eterno
Mas permaneço estática no tempo

Se tudo que digo fosse verdade
Então nada que vivo, seria realidade

Sofrer pelo inexistente
E compreender a fantasia
Nada mais faz sentido

Não sei mais o que é vida.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Dúvidas

Por que não disse que o amava
Quando ele ainda estava aqui?

Por que não parei o tempo
Para vivenciar nossos momentos?

Por que fiquei com medo
Quando deveria ter coragem?

Por que não consigo esquecê-lo
Se ele só me destruiu?

Por que quando navego em meus pensamentos
Ele é a única coisa que está neles?

Por que ainda o amo se ele me odiava?
Grito ao céus para dar fim

A tal sofrimento
Corto os sentimentos na esperança
De amenizar a dor
Choro, com fé de que tudo
Escoe com as lágrimas

Pergunto-me por que viver não é fácil?
A morte, no entanto, é algo simples?

Só, Frio e Escuridão
Não há magoa na morte

Afiada faca atravessa as camadas de pele
Chegando ao Coração

Matando assim aquilo
Que me fez sofrer durante a vida
Final singelo para tanta dor.                                     

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Segredos

O silêncio cala a noite,

A sombra esconde o mau,

A lua permanece calma no céu

Um instante parado no tempo.

Voz  presa pelo nó,

A garganta seca e amarga,

Consciência violenta atormenta o ambiente,

Linhas costuram lábios traidores.

Vontade da verdade de se abrir,

Palavras circulam pelas veias,

Como veneno, chegam ao coração.

O saber esconde-se em algum lugar,

Incertezas da novidade perigosa,

Rabiscos rápidos para aliviar o

Novo conhecimento.

Intransmissível, incomparável e inconstante,

Sussurro vem das lembranças,

“Não conte à ninguém”,

Prezo para esquecer o que agora sei.                                      

Sensações


Um suspiro ao luar

O ar corta a fina pele

Os galhos das arvores agitam-se violentamente

A penumbra dificulta  a visão

Sons de passos ecoam pela noite



O cimento afunda diante dos pés

O sangue escorre pela calçada

O sereno acumula-se sobre o corpo:

A vida por um fio



A lua ilumina a drástica cena

Os gritos agridem os ouvidos imaculados

A rua permanece com medo



Dura realidade, A morte
Pecado perigoso, uma dor constante
Vida esvazia-se esta noite.                            


por Nicole Fanti Siniscalchi

Temperamental

Vento transtornado açoita as velas,

Ondas enfurecidas batem no casco,

As madeiras rangem expressando a dor,

Navio perdido dentro de uma tempestade de emoções.



Correntes marinhas o guiam na escuridão,

A lua está encoberta pela densa nevoa,

Estrela escondida perante a tempestade,

Movimento das águas confunde a tripulação.



A fé de que a neblina suma

É a única coisa que os mantém firmes,

Gotas frias de água invadem o convés.



A corda corta a pele,

A água salgada limpa o sangue,

Mas fica a marca profunda,

Será que um dia acabará essa tormenta?



Quando a dor agonizante chega ao fim

Raios de Sol clareiam

A tempestade, enfim, termina
Restando agora a tranqüilidade do mar.                   


por Nicole Fanti Siniscalchi 

Julieta sem Romeu


"Pergunto-me como olhar para os meus

 e ver nos túmulos da sociedade

 Toda a escória desta vida 

 Os retratos de uma família 

 Que há anos se dissipa e multiplica

 As rosas jogadas no tempo 

 As dores atravessadas no peito

 Pela flecha buscasse algo

 Não apenas o alvo

 Há séculos a espada fere a carne

 O sangue banha a nossa terra

 Tudo o que nos resta a final

 É um espaço mortal 

 no qual ficaremos a eternidade

 Vendo os meus lutarem com os seus

 Por algo que já se perdeu

 Rezo para que vejam nos céus 

 Que a dor da raça não cura a desgraça

 Tudo tem seu final 

 Não se prenda no banal

 Pois algum dia irá ver 

 O que mais temo 

Toda a nossa história

 Resumida em glória."

por Nicole Fanti Siniscalchi

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