Esqueci da liberdade, para não lembrar da dor
Esqueci da voz, para não ser reprimida
Esqueci dos olhos, para não ver o sofrimento
Esqueci de pensar, para não ser julgada
De tanto esquecer de tudo
Contemplei o nada, não, não
Era só o nada, pois esqueci de contemplar
O nada ocupa o vazio, e lá
Me escondi e fiz-me esquecer
De como cheguei ali, para nunca mais sair
No nada, não há cores, odores, muito menos flores
Sem pavores, dores ou horrores
Lá percebi que sem ter tudo, fui compreendida
Pois no meio de tudo era apenas complemento
E no nada, sou apenas tudo o que habita
Sem pudores, resolvi voltar
Para poder lembrar a todos
De que somos tudo e nada
Porém só no nada somos nós
E no tudo somos partes
Então fazemos de nós, tudo
Que não há no nada
Para que podermos no Tudo
Não sermos apenas nada.
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