segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Palavras de Sangue

Algema arranha a pele dos pulsos
Saudade da antiga Ousadia
De correr livremente dentre as ideias
As ondas e retas, e seus valores
As mãos presas no papel
Glorificando apenas o belo Corcel
Ao longe vejo os vales e rios
E eu trancafiado nesse mesmo espaço
Com a fé, mudo a virgula e 
Tento representar sua sina
Porém meu desejo falho
Vai pelo ralo junto com sangue
Tirado pela força da verdade
Além da impunidade do Rei
O povo vai e vem
Procurando além
Para mudar toda a Lei
Em busca da ordem
Trazem a morte
E num futuro presente
Guardo na mente
   A doce liberdade
Que um dia escreverei

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Cegueira Sentimental

Você já viu a morte de perto?
Já sentiu a mais plena dor?
Já chorou sem saber o motivo?
Já quis que tudo chegasse ao fim?

Não!  Você apenas ficou
Parado no momento
estático no espaço
sem ação ou movimento

Quiz dar tempo ao tempo
Mas não quiz esperar um instante
Sofreu em silêncio
Ouvindo o meu sofrimento

Correu, fugindo da própria sombra
Deu voltas no mundo
mas mesmo assim não viu

A miséria por qual passo
A tristeza que me consome
A amargura que me corrompe
e humanidade que te falta...

E agora já não mudara nada
apenas podera ver 
o que a sua ignorância ofuscou
a dor de toda uma população...

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Em Poucos , o Tudo!


A tempestade apaga minhas pegadas
Perdida encontro-me
Longe de casa

Saudade do Conforto
Do calor do lar
Na rua, o frio
Sentada no tempo

Vida se perde na megalópole
Destrói-se a humanidade
Homens pensadores ou
Simples robôs sem sentimentos?

Pessoas transformadas em animais
Milhões de mortes estampados
Nos olhos inocentes
Que só agora aprendem sobre a Sociedade

Em busca da salvação
No meio da multidão
Palavras sábias, devastadas pela civilização
Por um mero momento, perdido no cimento
Jóia rara se constrói
A esperança de uma nova vida



quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Vida Fictícia


Homens dizem que o corpo é importante
Anjos dizem que a alma é eterna
Então digo que nada quero

Digo que não mereço o céu e nem o inferno
Digo que viver, não pode ser bom
E que morrer às vezes não é a melhor solução

Digo que a alma se corrompe
Digo que o corpo apodrece
Mas digo também que nada possuo

Não contemplai as idéias que digo
Pois estou sendo movida pelo sofrimento
As palavras de lamento ficam soltas no vento

A humanidade tem um futuro
O paraíso é intocável e eterno
Mas permaneço estática no tempo

Se tudo que digo fosse verdade
Então nada que vivo, seria realidade

Sofrer pelo inexistente
E compreender a fantasia
Nada mais faz sentido

Não sei mais o que é vida.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Dúvidas

Por que não disse que o amava
Quando ele ainda estava aqui?

Por que não parei o tempo
Para vivenciar nossos momentos?

Por que fiquei com medo
Quando deveria ter coragem?

Por que não consigo esquecê-lo
Se ele só me destruiu?

Por que quando navego em meus pensamentos
Ele é a única coisa que está neles?

Por que ainda o amo se ele me odiava?
Grito ao céus para dar fim

A tal sofrimento
Corto os sentimentos na esperança
De amenizar a dor
Choro, com fé de que tudo
Escoe com as lágrimas

Pergunto-me por que viver não é fácil?
A morte, no entanto, é algo simples?

Só, Frio e Escuridão
Não há magoa na morte

Afiada faca atravessa as camadas de pele
Chegando ao Coração

Matando assim aquilo
Que me fez sofrer durante a vida
Final singelo para tanta dor.                                     

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Segredos

O silêncio cala a noite,

A sombra esconde o mau,

A lua permanece calma no céu

Um instante parado no tempo.

Voz  presa pelo nó,

A garganta seca e amarga,

Consciência violenta atormenta o ambiente,

Linhas costuram lábios traidores.

Vontade da verdade de se abrir,

Palavras circulam pelas veias,

Como veneno, chegam ao coração.

O saber esconde-se em algum lugar,

Incertezas da novidade perigosa,

Rabiscos rápidos para aliviar o

Novo conhecimento.

Intransmissível, incomparável e inconstante,

Sussurro vem das lembranças,

“Não conte à ninguém”,

Prezo para esquecer o que agora sei.                                      

Sensações


Um suspiro ao luar

O ar corta a fina pele

Os galhos das arvores agitam-se violentamente

A penumbra dificulta  a visão

Sons de passos ecoam pela noite



O cimento afunda diante dos pés

O sangue escorre pela calçada

O sereno acumula-se sobre o corpo:

A vida por um fio



A lua ilumina a drástica cena

Os gritos agridem os ouvidos imaculados

A rua permanece com medo



Dura realidade, A morte
Pecado perigoso, uma dor constante
Vida esvazia-se esta noite.                            


por Nicole Fanti Siniscalchi

Temperamental

Vento transtornado açoita as velas,

Ondas enfurecidas batem no casco,

As madeiras rangem expressando a dor,

Navio perdido dentro de uma tempestade de emoções.



Correntes marinhas o guiam na escuridão,

A lua está encoberta pela densa nevoa,

Estrela escondida perante a tempestade,

Movimento das águas confunde a tripulação.



A fé de que a neblina suma

É a única coisa que os mantém firmes,

Gotas frias de água invadem o convés.



A corda corta a pele,

A água salgada limpa o sangue,

Mas fica a marca profunda,

Será que um dia acabará essa tormenta?



Quando a dor agonizante chega ao fim

Raios de Sol clareiam

A tempestade, enfim, termina
Restando agora a tranqüilidade do mar.                   


por Nicole Fanti Siniscalchi 

Julieta sem Romeu


"Pergunto-me como olhar para os meus

 e ver nos túmulos da sociedade

 Toda a escória desta vida 

 Os retratos de uma família 

 Que há anos se dissipa e multiplica

 As rosas jogadas no tempo 

 As dores atravessadas no peito

 Pela flecha buscasse algo

 Não apenas o alvo

 Há séculos a espada fere a carne

 O sangue banha a nossa terra

 Tudo o que nos resta a final

 É um espaço mortal 

 no qual ficaremos a eternidade

 Vendo os meus lutarem com os seus

 Por algo que já se perdeu

 Rezo para que vejam nos céus 

 Que a dor da raça não cura a desgraça

 Tudo tem seu final 

 Não se prenda no banal

 Pois algum dia irá ver 

 O que mais temo 

Toda a nossa história

 Resumida em glória."

por Nicole Fanti Siniscalchi

x